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Depois de ler você,
palavras para quê
Para que a poesia?
poetas para quê?
É esta
Rede aonde se atirar
Calor e aconchego
de textos e emoções feita.
Nós marinheiros e urdume
que nos fazem ler entre linhas
Cabotagem, velas cheias
Você,
o meu Porto seguro
O meu abrigo
A minha nau sem piloto,
margem ou destino certo
Ondas a bater com força
cheiro a maresia
E no braço a tatuagem
"quando a vontade quer
Abre-se o caminho".
Mar-de-palha em lume vivo, pôr-do-sol
Paisagem, ponte e calmaria
e já o barquinho vai.
E você e eu,
Marujos em terra, abraçados a traçar poemas
num Cascais imaginado, areia e luz de antigamente.
Lume de lareira antiga, cá em casa
Sombras no meu pé-d'reito, apenas
Palavras simples
São coisas doutrora.
Labaredas a lamber em pedra dantes
Dedos cor-de-laranja, azul, amarelo
Que brincam às sombras chinesas.
Poesia sim, talvez, cheiro a lenha de macieira
mais uma vez... Quem sabe como o futuro irá ser construído
A partir de agora?
Perifrase dum verbo ir mais presente no modo infinito?
Eu vou escrevendo-nos eternamente nos meus sonhos
No intuito de tocar,
com a ponta dos dedos nem que seja,
esses que você partilha,
sabia, não sabia?
Os bons mistérios.
Mas quem sabe?
Bolboretas a rodopiar ao calor do lume
Traças entre faíscas, sonhadoras.
Traços de giz, um coração num quadro preto
e dentro dele
Palavras como labaredas, amigas
de cores,
na penumbra da intimidade,
vivas.
Ou algo muito simples, breve
À espera da correspondência,
apaixonados
correspondidos letra a letra,
mãos e pés, braços dados,
Você e eu,
abraços, flores, namoro
Coração gizado sobre fundo preto
ou aquilo extenso que eu poderia dizer
Tim-tim por Tim-tim...
Eu mostrar-lhe-ia o que você provoca
em mim dia após dia.
Por enquanto brindemos à amizade,
Tchim tchim!
Um brinde ao Ribatejo, tons vermelhos,
roxo vivo ao exagero
É você já cá está a sorrir ao meu lado,
ou já mais uma vez, como sempre à minha frente.
Nada sei e eu olho você em silêncio e fico maravilhado
O seu corpo, a nu, é poesia
E é o meu olhar quem traz você, a pé de mim
Sou eu quem toca agora, o seu cabelo
E com todo o meu amor dá no pescoço,
um beijo...
Enquanto a música, ressoa.
Sou,
um simples aprendiz
De malandro ou de bandido
Peregrino doutras terras
A navegar à bolina
E ao sabor da maré,
sempre,
Uma é outra vez,
sempre,
sempre me encontro
consigo novamente.
Encontro e paz,
no centro da balança
emoção de sabermo-nos vivos,
você e eu,
olhos malandros e meigos
Palavras tenras e gentis,
você é eu, piratas à socapa
abertos ao tempo e às mudanças
E sangue a aquecer no rosto e veias
Enquanto de novo,
eternamente jovens,
nos sabemos,
Não apenas marinheiros
mas, ao pé de casiopeia e orion
Da ursa e do carneiro,
Gêmeos e peixes, somos,
de novo com os pés em terra
e o olhar para as estrelas,
Caminhantes
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